sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Enclave- o que é?

Brasão de Pontecorvo

No resumo sobre Renascimento, no trecho em que falamos sobre a península itálica no fim da Idade Média/ Início da Idade Moderna,  fizemos referência a existência de enclaves na região. Mas... o que são enclaves?

O termo ENCLAVE refere-se, em termos geopolíticos, a um território, região, tereno ou reduto de um Estado ou grupo específico situado dentro de território alheio, de outro Estado ou grupo, estando, portando, encravado em outro, mas possuindo distinções políticas, sociais e/ou culturais deste.

Entre os enclaves que existiam na península itálica da época renascentista contavam-se Pontecorvo e Benevento, enclaves dos Estados Papais (ou Estados Pontifícios) dentro do Reino da Sicília.

Atualmente um exemplo de enclave é Cabinda, formalmente décima-oitava província angolana e  um pequeno enclave de Angola localizado fora do território angolano. Cabinda localiza-se na costa ocidental africana e faz fronteira com a República do Congo e com a República Democrática do Congo. Atualmente o enclave de Cabinda responde por cerca de 70% de petróleo exportado por Angola, tendo portanto uma grande importâncio política e econômica para o governo angolano.

Dentre outros exemplos de enclaves atualmente existentes conta-se Kaliningrado (enclave russo entre a Polônia e a Lituânia) e Gibraltar (enclave inglês na Espanha).

*OBSERVAÇÃO: Existe também a grafia alternativa "encrave", segundo o Dicionário Houaiss Conciso, edição de 2011.

Renascimento

"A Virgem dos Rochedos", de Leonardo da Vinci
Fim da Idade Média:  vários motivos levaram ao fim o sistema sócio-econômico chamado FEUDALISMO (onde, genericamente falando, o poder central dos reis era fraco, e o poder locais dos nobres e cavaleiros proprietários de terras era forte), entre eles mudanças ambientais que causaram secas ou invernos prolongados e assim prejudicaram muito as colheitas; as epidemias de doenças, como a peste negra (peste bubônica, causada pela bactéria Yersínia pestis ), que mataram em torno de 1/3 da população; as sucessivas guerras, em parte motivadas pela escassez de alimentos e problemas com a fertilidade da terra, escassez de trabalhadores para o campo e agricultura (devido as mortes por fome, doença ou guerra).

No decorrer dos séculos XIV e XV, as crises e transformações sociais, políticas e econômicas que vinham ocorrendo na Europa acabam levando ao surgimento de novas maneias de entender e explicar o mundo. Em especial nas cidades italianas e holandesas, um movimento veio trazer muitas mudanças para a arte e a ciência. Um aspecto muito interessante é que esses artistas e pensadores procuraram muita inspiração na cultura clássica, ou seja da Grécia e na Roma antigas. Esse movimento ficou conhecido como RENASCIMENTO.

O nome “Renascimento” não dá a entender que algo que deixou de existir está voltando, está renascendo? Pois é, era isso que os artistas e pensadores da época achavam! Eles achavam que o mundo da antiguidade grega e romana, a arte grega e romana, etc, estava renascendo, ressurgindo, graças a eles buscarem estudar elas e se inspirarem nelas para criar suas obras de arte e escrever seus livros.

DEFINIÇÃO BÁSICA: O termo Renascimento designa a produção artística e cultural dos centros urbanos europeus mais ligados ao comércio e contatos com outros povos, em especial as cidades comerciais da Península Itálica e dos Países Baixos ( atual Holanda) em especial na região de Flandres. O movimento marca uma mudança na visão de mundo, que se torna menos centrada no ponto de vista da religião e uma maior valorização do Homem e do mundo humano, em grande parte devido a inspiração na cultura e nos textos Greco-romanos da Antiguidade.

LEMBRE-SE! Não existia Itália nessa época! A Itália só vai se unificar no século XIX. Nessa época a Península Itálica era uma colcha de retalhos onde se encontravam repúblicas (como Veneza), Os Estados Papais (ou Estados pontifícios), reinos (como o Reino da Sicília e o Reino de Nápoles), Ducados (como o Ducado de Milão) e enclaves. No século XV os Países Baixos eram controlados pela casa nobre dos Habsburgos e faziam parte das chamadas Dezessete Províncias,  até que em 1568 as províncias da Holanda, da Zelândia e de Utrecht começaram a lutar com a Espanha e, em 1579, criaram as Províncias Unidas, unindo os Países Baixos Burgúndios e as cidades flamencas. A guerra continuou até 1648, quando a Espanha reconheceu a independência das províncias.

ATENÇÃO! O renascimento não surgiu à toa ou do nada! Como todo fenômeno e acontecimento histórico elle se liga e/ou é concomitante à sua época, e as muitas mudanças no mundo de então:

* Com a crise do sistema feudal, começou a existir um movimento de centralização do poder na Europa- os reis que antes não mandavam quase nada estavam começando a ficar poderosos, com muito poder político, enquanto os nobres e cavaleiros começava, a perder o poder que tinham e ficar cada vez mais dependentes do rei. Isso é uma MUDANÇA POLÍTICA.

* O comércio começa a se expandir e se reorientar- o que não significa que isso ocorreu de forma uniforme em todos os lugares. Algumas antigas regiões de comércio forte, inclusive, começam a enfraquecer, inclusive, como a região dominada pela Liga Hanseática.
Com a crise do sistema feudal, muitas cidades vão ganhar população (pessoas fugindo da miséria e fome dos campos, ou das guerras, etc), mas aqui também não se deve generalizar pois outras regiões, como as fronteiras do leste do Sacro Império Romano- Germânico, perdem população.

Esse crescimento de determinadas cidades e regiões é um dos fatores que ajuda o comércio a crescer e a reorientar. Outro fator que ajuda o crescimento do comércio é que os contatos com o oriente estavam aumentando (não começaram nesse momento, já sendo anteriores, já existindo atividade comercial mesmo na Idade Média, por exemplo pela Rota da Seda), e de lá vinham muitos produtos diferentes, que não se podia produzir na Europa (pimenta, cravo, canela, seda, perfumes de luxo, etc). Isso é uma MUDANÇA ECONÔMICA.

*COM ISSO ACONTECENDO, UMA MUDANÇA SOCIAL VAI OCORRER: começa a ganhar importância um grupo social conhecido como BURGUESIA, sendo que os burgueses se dedicavam principalmente ao comércio e atividades urbanas, como o artesanato (sapateiros, ferreiros, ourives, tecelão, alfaiate, etc). Isso é uma MUDANÇA SOCIAL.

→ A INFLUÊNCIA DA CULTURA CLÁSSICA:  A antiguidade Greco- romana vai ser uma grande inspiração para os artistas e pensadores renascentistas. Através da leitura, e também de correções e reestudos das traduções, dos textos greco- romanos. Um aspecto que vai se formar a partir desse estudo renovado dos textos gregos e romanos é que a arte e a ciência renascentista passam a dar valor também ao Homem e ao mundo humano/terreno, enquanto a arte e os escritos medievais valorizam quase que exclusivamente os aspectos religiosos.

Muitos estudiosos costumam designar tal posição de ANTROPOCENTRISMO, que consiste na visão de mundo que tem o homem como principal referencial. É uma concepção em que Homem é o centro das perspectivas do conhecimento humano, de sua natureza e de todo entendimento. Geralmente é contraposto à visão teocêntrica, em especial a medieval, que colocava Deus no centro do conhecimento do mundo (também designada de Teocentrismo).

•ATENÇÃO! Isso NÃO significa que os renascentistas negavam a fé ou Deus. Muitos deles até criticavam a Igreja e os posicionamentos dos religiosos, mas não deixaram de acreditar em Deus. Muitos, com o holandês Erasmo de Roterdan, inclusive criticavam a igreja, mas não queriam que ela deixasse de existir, apenas que ela se modificasse, e modificasse alguns de seus posicionamentos

→ O MECENATO: Nas cidades comercias da Península Itálica havia muitos burgueses e famílias ricas, devido ao comércio e atividades financeiras (empréstimos, por exemplo). Esses comerciantes e banqueiros não eram membros da nobreza, e para se afirmar socialmente e conseguir prestígio, admiração e reconhecimento, passaram a financiar e patrocinar os artistas renascentistas, comprando e encomendando as obras de arte (pinturas, esculturas, etc). Essa prática chamou-se MECENATO, e o comerciante/banqueiro/burguês rico que financiava/ patrocinava um ou mais artistas ficou conhecido como mecenas.
A Igreja Católica, assim como muitos papas, também praticaram o mecenato na época, financiando e amparando artistas como Michelangelo, responsável pelos afrescos da Capela Sistina. Tal atitude também tem por fim ampliar ainda mais seu prestígio e posição.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Grécia Antiga- parte 2

Busto de Péricles

A Democracia Ateniense

O tirano Pisístrato governou até sua morte em 527 a.C, tendo o poder passado para as mãos de seus filhos, os quais não conseguiram mantê-lo por muito tempo, perdendo-o em 510 a.C.

Em 508 a.C as leis atenienses são mudadas de forma a permitir que o povo possa participar da vida política, participando das tomadas de decisão e da administração de Atenas. É com essa participação do povo no governo que se inicia a DEMOCRACIA. Isso aconteceu porque um aristocrata chamado Clístenes toma o poder, mas no lugar de se tornar um tirano, prefere abrir a participação política ao povo e aos mais pobres, como força de enfraquecer os aristocratas.

A principal característica da DEMOCRACIA é a participação dos cidadãos na vida política, podendo participar tanto da administração quanto da tomada de decisões governamentais. A Democracia ateniense se diferenciava da nossa por ser uma DEMOCRACIA DIRETA E PARTICIPATIVA: o povo não se limitava a votar para escolher os representantes que depois tomariam todas as decisões. Os cidadãos de Atenas participavam de todas as tomadas de decisão, por exemplo se Atenas deveria entrar em guerra contra outra cidade grega ou não, se uma lei nova deveria ser aprovada ou não, etc.

A democracia atual no Brasil, nos EUA, etc, é bem diferente. É uma DEMOCRACIA REPRESENTATIVA, onde a principal participação do cidadão é votar nas eleições dos representantes em diferentes cargos (vereadores, senadores, presidente, etc).

Sobre os cidadãos em Atenas é importante notarmos que CIDADÃO não era sinônimo de habitante de Atenas. Na verdade, os cidadãos não eram nem a maioria dos habitantes de Atenas! Os escravos, crianças atenienses, mulheres atenienses e estrangeiros livres que moravam em Atenas (os metecos) NÃO eram considerados cidadãos e não participavam da vida política e da tomada de decisões. Os cidadãos atenienses deveriam:

• Ser do sexo masculino
• A partir dos 18, já era considerado cidadão, mas só podia começar a se candidatar e ser um cidadão pleno a partir dos 30.
• Ser filho de pai e mãe ateniense

            Para participar do governo de Atenas, o povo participava de vários órgãos governamentais, em especial o CONSELHO DOS 500 (também conhecido como Boulé dos 500) e a Assembléia.

► O Conselho dos 500 era formado por cidadãos, ricos ou pobres, escolhidos por SORTEIO. Era o principal órgão da administração pública. O conselho tinha várias funções, mas a principal era escolher quais projetos de novas leis seriam votados pela Assembléia.

► Na Assembléia era permitido a TODO cidadão participar, bastava que comparecesse as reuniões marcadas. Todo cidadão podia votar nas propostas apresentadas e também podia tomar a palavra e dar sua opinião.

O fim da Atenas independente: A partir do século IV a.C., os macedônios Filipe da Macedônia e seu filho Alexandre, O Grande conquistam a Grécia. É fim da autonomia política dos gregos, inclusive dos atenienses, mas a democracia não acaba, pois nos assuntos internos de Atenas continua a administrar-se a cidade de forma democrática. A democracia grega termina realmente no século II a.C., quando os romanos conquistam o território grego.

GRÉCIA ANTIGA- parte I


O Partenon, Atenas

- A Grécia fica na Europa, em uma península banhada pelo mar Mediterrâneo. Hoje em dia a Grécia é um país unificado, mas na Antiguidade não era assim. Na Antiguidade, a Grécia NÃO era um país unificado, sendo composta por dezenas de cidades- estados INDEPENDENTES uma da outra, cada uma com seu próprio governante e mesmo com tipos de governo diferentes!

ATENÇÃO! Na Grécia antiga os gregos chamavam as cidades de PÓLIS. Uma diferença que podemos apontar entre as cidades de hoje e a polis grega é que NA PÓLIS GREGA NÃO HAVIA UMA SEPARAÇÃO CLARA ENTRE O ESPAÇO RURAL E O ESPAÇO URBANO!

As várias cidades gregas tinham tipos diferentes de governo. Os dois principais foram a Aristocracia e a DEMOCRACIA, mas houve outros como as tiranias e as monarquias.

▪ Na ARISTOCRACIA um número MUITO PEQUENO de indivíduos era considerado cidadão e participava da vida política da cidade. Esse grupo pequeno que governava a cidade e tomava as decisões políticas era formado pelos aristocratas.

• Na DEMOCRACIA o número de cidadãos era MUITO maior, abarcando mesmo os mais pobres da polis, havia a possibilidade de participação política para um número muito maior de indivíduos do que na Aristocracia. A democracia grega serviu de base para a nossa idéia atual de DEMOCRACIA.

▪ A TIRANIA era quando um único indivíduo tomava o poder a força (muitas vezes apoiado por uma parcela da população, por exemplo os indivíduos pobres que os aristocratas não deixavam participar da vida política) e concentrava o poder e o comando da polis em suas mãos. NÃO ERAM NECESSARIAMENTE GOVERNANTES RUINS OU CRUÉIS E ALGUNS CHEGARAM A SER BASTANTE AMADOS PELO POVO, COMO FOI O CASO DE PISÍSTRATO EM ATENAS.

▪ A Monarquia também existiu na Grécia, mas a maioria das cidades-estado gregas acabou abolindo a monarquia e formando outras formas de governo, como a Aristocracia. Em geral os reis perderam o poder após revoltas dos indivíduos mais ricos e/ou poderosos da cidade, os quais quando tomavam o poder e tornavam-se os novos governantes da cidade.

Como foi dito existiram CENTENAS de cidades na Grécia, mas estudaremos apenas uma, a polis chamada Atenas.
Por que só vamos estudar Atenas? Porque foi em Atenas que surgiu o sistema de governo chamado DEMOCRACIA.

ATENAS

Originalmente Atenas era governada por um rei. Essa situação durou muito tempo (até mais ou menos a metade do século VIII a.C), sempre um rei passando o poder para outro. O rei de Atenas acumulava 3 funções: era o governante político da polis (administrava o governo e a justiça), era general (o líder do exército ateniense) e também tinha funções religiosas (atuava como sacerdote em algumas cerimônias religiosas).

Já no final do século VIII a.C e durante todo o século VII a.C, Atenas não teve mais rei. A monarquia foi derrubada pelos aristocratas (os indivíduos que faziam parte das famílias mais importantes e ricas). A partir daí Atenas foi governada pelos aristocratas. Nessa época Atenas passou a ser uma aristocracia e apenas os aristocratas podiam fazer parte da instituição que governava a cidade (o AREÓPAGO, uma espécie de parlamento onde só quem era aristocrata podia fazer parte).

A Aristocracia foi derrubada quando um homem chamado Pisístrato tomou o poder. A situação econômica dos pequenos proprietários de terra e camponeses era terrível, e os aristocratas conseguiam cada vez mais e mais terras e propriedades, pois aqueles que não conseguiam pagar suas dívidas perdiam suas terras. Alguns legisladores (como Sólon) tentaram reformar as leis para resolver a situação, mas não tiveram sucesso. Aproveitando essa situação tão tensa, Psístrato acabou se tornando tirano de Atenas.

Mas como ele conseguiu isso?  Apesar de ser um membro da aristocracia, Pisistrato aproveitou a insatisfação da grande maioria da população e liderou uma revolta, tomando o poder da cidade como TIRANO. Governou por muitos anos (de 561 a.C até 527 a.C), e seu governo foi muito popular, Durante seu governo a cidade vai crescer muito, tendo embelezado a cidade através de obras públicas e colaborado com o comércio ao incentivar o crescimento da frota de barcos.

Apresentação


"Natureza Morta com Livros" de Vincent Van Gogh

Serão disponibilizados aqui os resumos dos conteúdos das aulas de História para os alunos do 1o, 2o e 3o ano do Ensino Médio do C.E. Stella Matutina.
Lembre-se que apenas a leitura dos resumos é insuficiente para o aprendizado. Tanto o livro didático quanto os títulos e demais material presentes na biblioteca da escola devem fazer parte dos estudos de qualquer aluno.

Sejam bem-vindos e bom estudo a todos.