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"A Virgem dos Rochedos", de Leonardo da Vinci |
Fim
da Idade Média: vários motivos levaram ao fim o sistema
sócio-econômico chamado FEUDALISMO (onde, genericamente falando, o poder
central dos reis era fraco, e o poder locais dos nobres e cavaleiros
proprietários de terras era forte), entre eles mudanças ambientais que causaram
secas ou invernos prolongados e assim prejudicaram muito as colheitas; as
epidemias de doenças, como a peste negra (peste bubônica, causada pela bactéria
Yersínia pestis ), que mataram em
torno de 1/3 da população; as sucessivas guerras, em parte motivadas pela
escassez de alimentos e problemas com a fertilidade da terra, escassez de
trabalhadores para o campo e agricultura (devido as mortes por fome, doença ou
guerra).
No
decorrer dos séculos XIV e XV, as crises e transformações sociais, políticas e
econômicas que vinham ocorrendo na Europa acabam levando ao surgimento de novas
maneias de entender e explicar o mundo. Em especial nas cidades italianas e
holandesas, um movimento veio trazer muitas mudanças para a arte e a ciência.
Um aspecto muito interessante é que esses artistas e pensadores procuraram
muita inspiração na cultura clássica, ou seja da Grécia e na Roma antigas. Esse
movimento ficou conhecido como RENASCIMENTO.
→
O nome “Renascimento” não dá a entender que algo que deixou de existir está
voltando, está renascendo? Pois é, era isso que os artistas e pensadores da
época achavam! Eles achavam que o mundo da antiguidade grega e romana, a arte
grega e romana, etc, estava renascendo, ressurgindo, graças a eles buscarem
estudar elas e se inspirarem nelas para criar suas obras de arte e escrever
seus livros.
DEFINIÇÃO BÁSICA: O
termo Renascimento designa a
produção artística e cultural dos centros urbanos europeus mais ligados ao
comércio e contatos com outros povos, em especial as cidades comerciais da Península Itálica e dos Países Baixos ( atual Holanda) em especial na região de Flandres. O movimento marca uma mudança
na visão de mundo, que se torna menos centrada no ponto de vista da religião e
uma maior valorização do Homem e do mundo humano, em grande parte devido a
inspiração na cultura e nos textos Greco-romanos da Antiguidade.
LEMBRE-SE! Não existia Itália nessa época! A Itália só vai se unificar no século XIX. Nessa época a Península Itálica era uma colcha de retalhos onde se encontravam repúblicas (como Veneza), Os Estados Papais (ou Estados pontifícios), reinos (como o Reino da Sicília e o Reino de Nápoles), Ducados (como o Ducado de Milão) e enclaves. No século XV os Países Baixos eram controlados pela casa nobre dos Habsburgos e faziam parte das chamadas Dezessete Províncias, até que em 1568 as províncias da Holanda, da Zelândia e de Utrecht começaram a lutar com a Espanha e, em 1579, criaram as Províncias Unidas, unindo os Países Baixos Burgúndios e as cidades flamencas. A guerra continuou até 1648, quando a Espanha reconheceu a independência das províncias.
ATENÇÃO!
O renascimento não surgiu à toa ou do nada! Como todo fenômeno e acontecimento histórico elle se liga e/ou é concomitante à sua época, e as muitas mudanças no mundo de então:
* Com a crise do
sistema feudal, começou a existir um movimento de centralização do poder na
Europa- os reis que antes não mandavam quase nada estavam começando a ficar
poderosos, com muito poder político, enquanto os nobres e cavaleiros começava,
a perder o poder que tinham e ficar cada vez mais dependentes do rei. Isso é
uma MUDANÇA POLÍTICA.
* O comércio começa a
se expandir e se reorientar- o que não significa que isso ocorreu de forma
uniforme em todos os lugares. Algumas antigas regiões de comércio forte,
inclusive, começam a enfraquecer, inclusive, como a região dominada pela Liga Hanseática.
Com a crise do sistema
feudal, muitas cidades vão ganhar população (pessoas fugindo da miséria e fome
dos campos, ou das guerras, etc), mas aqui também não se deve generalizar pois
outras regiões, como as fronteiras do leste do Sacro Império Romano- Germânico,
perdem população.
Esse crescimento de
determinadas cidades e regiões é um dos fatores que ajuda o comércio a crescer
e a reorientar. Outro fator que ajuda o crescimento do comércio é que os
contatos com o oriente estavam aumentando (não começaram nesse momento, já
sendo anteriores, já existindo atividade comercial mesmo na Idade Média, por
exemplo pela Rota da Seda), e de lá vinham muitos produtos diferentes, que não
se podia produzir na Europa (pimenta, cravo, canela, seda, perfumes de luxo,
etc). Isso é uma MUDANÇA ECONÔMICA.
*COM ISSO ACONTECENDO, UMA MUDANÇA SOCIAL VAI OCORRER: começa a ganhar importância
um grupo social conhecido como BURGUESIA, sendo que os burgueses se dedicavam
principalmente ao comércio e atividades urbanas, como o artesanato (sapateiros,
ferreiros, ourives, tecelão, alfaiate, etc). Isso é uma MUDANÇA SOCIAL.
→ A INFLUÊNCIA DA CULTURA
CLÁSSICA: A antiguidade
Greco- romana vai ser uma grande inspiração para os artistas e pensadores
renascentistas. Através da leitura, e também de correções e reestudos das
traduções, dos textos greco- romanos. Um aspecto que vai se formar a partir
desse estudo renovado dos textos gregos e romanos é que a arte e a ciência
renascentista passam a dar valor também ao Homem e ao mundo humano/terreno,
enquanto a arte e os escritos medievais valorizam quase que exclusivamente os
aspectos religiosos.
Muitos estudiosos costumam designar tal posição de ANTROPOCENTRISMO, que consiste na visão de mundo que tem o homem como principal referencial. É uma concepção em que Homem é o centro das perspectivas do conhecimento humano, de sua natureza e de todo entendimento. Geralmente é contraposto à visão teocêntrica, em especial a medieval, que colocava Deus no centro do conhecimento do mundo (também designada de Teocentrismo).
•ATENÇÃO! Isso NÃO
significa que os renascentistas negavam a fé ou Deus. Muitos deles até
criticavam a Igreja e os posicionamentos dos religiosos, mas não deixaram de
acreditar em Deus. Muitos, com o holandês Erasmo de Roterdan, inclusive criticavam
a igreja, mas não queriam que ela deixasse de existir, apenas que ela se
modificasse, e modificasse alguns de seus posicionamentos
→ O MECENATO: Nas cidades
comercias da Península Itálica havia muitos burgueses e famílias ricas, devido
ao comércio e atividades financeiras (empréstimos, por exemplo). Esses
comerciantes e banqueiros não eram membros da nobreza, e para se afirmar
socialmente e conseguir prestígio, admiração e reconhecimento, passaram a
financiar e patrocinar os artistas renascentistas, comprando e encomendando as
obras de arte (pinturas, esculturas, etc). Essa prática chamou-se MECENATO,
e o comerciante/banqueiro/burguês rico que financiava/ patrocinava um ou mais
artistas ficou conhecido como mecenas.
A Igreja Católica, assim como muitos papas, também praticaram o mecenato na época, financiando e amparando artistas como Michelangelo, responsável pelos afrescos da Capela Sistina. Tal atitude também tem por fim ampliar ainda mais seu prestígio e posição.