sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Renascimento

"A Virgem dos Rochedos", de Leonardo da Vinci
Fim da Idade Média:  vários motivos levaram ao fim o sistema sócio-econômico chamado FEUDALISMO (onde, genericamente falando, o poder central dos reis era fraco, e o poder locais dos nobres e cavaleiros proprietários de terras era forte), entre eles mudanças ambientais que causaram secas ou invernos prolongados e assim prejudicaram muito as colheitas; as epidemias de doenças, como a peste negra (peste bubônica, causada pela bactéria Yersínia pestis ), que mataram em torno de 1/3 da população; as sucessivas guerras, em parte motivadas pela escassez de alimentos e problemas com a fertilidade da terra, escassez de trabalhadores para o campo e agricultura (devido as mortes por fome, doença ou guerra).

No decorrer dos séculos XIV e XV, as crises e transformações sociais, políticas e econômicas que vinham ocorrendo na Europa acabam levando ao surgimento de novas maneias de entender e explicar o mundo. Em especial nas cidades italianas e holandesas, um movimento veio trazer muitas mudanças para a arte e a ciência. Um aspecto muito interessante é que esses artistas e pensadores procuraram muita inspiração na cultura clássica, ou seja da Grécia e na Roma antigas. Esse movimento ficou conhecido como RENASCIMENTO.

O nome “Renascimento” não dá a entender que algo que deixou de existir está voltando, está renascendo? Pois é, era isso que os artistas e pensadores da época achavam! Eles achavam que o mundo da antiguidade grega e romana, a arte grega e romana, etc, estava renascendo, ressurgindo, graças a eles buscarem estudar elas e se inspirarem nelas para criar suas obras de arte e escrever seus livros.

DEFINIÇÃO BÁSICA: O termo Renascimento designa a produção artística e cultural dos centros urbanos europeus mais ligados ao comércio e contatos com outros povos, em especial as cidades comerciais da Península Itálica e dos Países Baixos ( atual Holanda) em especial na região de Flandres. O movimento marca uma mudança na visão de mundo, que se torna menos centrada no ponto de vista da religião e uma maior valorização do Homem e do mundo humano, em grande parte devido a inspiração na cultura e nos textos Greco-romanos da Antiguidade.

LEMBRE-SE! Não existia Itália nessa época! A Itália só vai se unificar no século XIX. Nessa época a Península Itálica era uma colcha de retalhos onde se encontravam repúblicas (como Veneza), Os Estados Papais (ou Estados pontifícios), reinos (como o Reino da Sicília e o Reino de Nápoles), Ducados (como o Ducado de Milão) e enclaves. No século XV os Países Baixos eram controlados pela casa nobre dos Habsburgos e faziam parte das chamadas Dezessete Províncias,  até que em 1568 as províncias da Holanda, da Zelândia e de Utrecht começaram a lutar com a Espanha e, em 1579, criaram as Províncias Unidas, unindo os Países Baixos Burgúndios e as cidades flamencas. A guerra continuou até 1648, quando a Espanha reconheceu a independência das províncias.

ATENÇÃO! O renascimento não surgiu à toa ou do nada! Como todo fenômeno e acontecimento histórico elle se liga e/ou é concomitante à sua época, e as muitas mudanças no mundo de então:

* Com a crise do sistema feudal, começou a existir um movimento de centralização do poder na Europa- os reis que antes não mandavam quase nada estavam começando a ficar poderosos, com muito poder político, enquanto os nobres e cavaleiros começava, a perder o poder que tinham e ficar cada vez mais dependentes do rei. Isso é uma MUDANÇA POLÍTICA.

* O comércio começa a se expandir e se reorientar- o que não significa que isso ocorreu de forma uniforme em todos os lugares. Algumas antigas regiões de comércio forte, inclusive, começam a enfraquecer, inclusive, como a região dominada pela Liga Hanseática.
Com a crise do sistema feudal, muitas cidades vão ganhar população (pessoas fugindo da miséria e fome dos campos, ou das guerras, etc), mas aqui também não se deve generalizar pois outras regiões, como as fronteiras do leste do Sacro Império Romano- Germânico, perdem população.

Esse crescimento de determinadas cidades e regiões é um dos fatores que ajuda o comércio a crescer e a reorientar. Outro fator que ajuda o crescimento do comércio é que os contatos com o oriente estavam aumentando (não começaram nesse momento, já sendo anteriores, já existindo atividade comercial mesmo na Idade Média, por exemplo pela Rota da Seda), e de lá vinham muitos produtos diferentes, que não se podia produzir na Europa (pimenta, cravo, canela, seda, perfumes de luxo, etc). Isso é uma MUDANÇA ECONÔMICA.

*COM ISSO ACONTECENDO, UMA MUDANÇA SOCIAL VAI OCORRER: começa a ganhar importância um grupo social conhecido como BURGUESIA, sendo que os burgueses se dedicavam principalmente ao comércio e atividades urbanas, como o artesanato (sapateiros, ferreiros, ourives, tecelão, alfaiate, etc). Isso é uma MUDANÇA SOCIAL.

→ A INFLUÊNCIA DA CULTURA CLÁSSICA:  A antiguidade Greco- romana vai ser uma grande inspiração para os artistas e pensadores renascentistas. Através da leitura, e também de correções e reestudos das traduções, dos textos greco- romanos. Um aspecto que vai se formar a partir desse estudo renovado dos textos gregos e romanos é que a arte e a ciência renascentista passam a dar valor também ao Homem e ao mundo humano/terreno, enquanto a arte e os escritos medievais valorizam quase que exclusivamente os aspectos religiosos.

Muitos estudiosos costumam designar tal posição de ANTROPOCENTRISMO, que consiste na visão de mundo que tem o homem como principal referencial. É uma concepção em que Homem é o centro das perspectivas do conhecimento humano, de sua natureza e de todo entendimento. Geralmente é contraposto à visão teocêntrica, em especial a medieval, que colocava Deus no centro do conhecimento do mundo (também designada de Teocentrismo).

•ATENÇÃO! Isso NÃO significa que os renascentistas negavam a fé ou Deus. Muitos deles até criticavam a Igreja e os posicionamentos dos religiosos, mas não deixaram de acreditar em Deus. Muitos, com o holandês Erasmo de Roterdan, inclusive criticavam a igreja, mas não queriam que ela deixasse de existir, apenas que ela se modificasse, e modificasse alguns de seus posicionamentos

→ O MECENATO: Nas cidades comercias da Península Itálica havia muitos burgueses e famílias ricas, devido ao comércio e atividades financeiras (empréstimos, por exemplo). Esses comerciantes e banqueiros não eram membros da nobreza, e para se afirmar socialmente e conseguir prestígio, admiração e reconhecimento, passaram a financiar e patrocinar os artistas renascentistas, comprando e encomendando as obras de arte (pinturas, esculturas, etc). Essa prática chamou-se MECENATO, e o comerciante/banqueiro/burguês rico que financiava/ patrocinava um ou mais artistas ficou conhecido como mecenas.
A Igreja Católica, assim como muitos papas, também praticaram o mecenato na época, financiando e amparando artistas como Michelangelo, responsável pelos afrescos da Capela Sistina. Tal atitude também tem por fim ampliar ainda mais seu prestígio e posição.