sábado, 27 de fevereiro de 2016

Primeira República- A República do Café-com-Leite (1894- 1930)

"Café", tela de Cândido Portinari
Noções Preliminares:

►Iniciada com governo Prudente de Morais (1894-1898), mas a forte influência e controle dos cafeicultores na política nacional vai se efetivar no governo seguinte, de Campos Sales (1898-1902), um representante da oligarquia cafeeira de São Paulo e destacado membro do PRP (Partido Republicano Paulista- sendo esse o partido que defendia os interesses dos cafeicultores, em especial os de SP).

Politicamente é marcada pela forte influência dos cafeicultores. Poder concentrado nas mãos da oligarquia cafeeira de São Paulo e Minas Gerais, os dois principais produtores e exportadores de café (responsáveis por mais de 50 % das exportações brasileiras). Além disso, eram estados bastante populosos, fortes politicamente e berços de duas das principais legendas republicanas: o Partido Republicano Paulista e o Partido Republicano Mineiro.

Durante a República do café-com-Leite (ou República Oligárquica) o poder federal era ocupado alternativamente por um representante de São Paulo ou de Minas Gerais. O candidato a presidente era escolhido pela elite político- econômica de SP e MG e legitimado através da vitória em eleições corruptas e fraudulentas, onde a máquina política da república oligárquica garantia a vitória do candidato escolhido pela elite paulista e mineira.

Outros estados que tinham alguma importância e peso político eram o Rio de Janeiro (onde ficava a capital e também produtor de café) e Rio Grande do Sul (relacionada a sua tradição militar, devido a sua localização na região do Prata). 

Alguns estados produziam produtos diferente de café para exportação, como a Bahia, que produzia cacau (a produção, porém, começou a declinar e se tornar menos lucrativa após a Inglaterra investir na produção de cacau na região africana da Costa do Ouro) e a produção e borracha da Amazônia, a qual teve por um lucro excepcional por algum tempo (de 1891 até 1918, aproximadamente), quando supria praticamente toda a demanda mundial por borracha, mas declinou quando países como Holanda e Inglaterra investiram na produção de borracha em suas regiões coloniais tropicais e tomaram praticamente todo o espaço no mercado internacional da borracha.

►O Estado e o governo representavam os interesses dos grandes cafeicultores (elite econômica e política do Brasil) e não hesitaram em usar todo o poder para garantir o poder político sobre toda a nação (ex: Uso de Forças Armadas para reprimir movimentos de revolta ou protesto).


Economia


►Economicamente não houve mudança significativa. Base da economia brasileira continuou sendo a exportação de produtos agrários (Destaque para o Café, que praticamente sustentava as exportações brasileiras). O Brasil estava sofrendo nesse momento muita pressão dos credores estrangeiros (em geral bancos ingleses).

Política


►A “Política dos Governadores”: Durante o mandato de Campos Sales o mecanismo pelo qual a oligarquia cafeeira se impôs foi montado- a chamada “Política dos Governadores”, que consistiu em adaptar a república aos interesses dos fazendeiros de café.

Como se fez isso?


O federalismobrasileiro foi feito de uma forma que o domínio político nacional estava nas mãos dos estados  que mais café produziam (SP e MG).


→Como se ajustou o federalismo?


O Governo Federal fecha um acordo com as ELITES LOCAIS DE TODOS OS ESTADOS (por exemplo, fazendeiros de cacau na Bahia), acordo esse onde o presidente se comprometia a apoiar com todos os meios ao seu alcance a elite local de cada Estado e essa elite local se comprometia em garantir a eleição dos candidatos oficiais- ou seja dos candidatos ligados aos cafeicultores.


→Quem eram essas elites locais?


Para entender a ideia de elite local no caso do Brasil, deve-se entender a questão do “CORONELISMO”.


●A base do Coronelismo é o Localismo, que é quando várias “unidades” ou “pedaços” ou “regiões” de um país tem pouca ou nenhuma relação uma com a outra, ignorando laços geográficos ou nacionais. Durante a República, quando se instituiu o Federalismo, este se fortaleceu- sendo os municípios totalmente dominados pelos coronéis e seus bandos armados (os chamados “jagunços”). Os coronéis interferiam nas eleições a favor dos seus candidatos, medindo-se a importância de um coronel pela quantidade de votos que ele controlava (muitas vezes através da força, ameaças, etc- o chamado “VOTO DE CABRESTO”).

Assim os coronéis podiam pressionar os poderes estaduais e federais, trocando os votos controlados pelo coronel por favores políticos. Com essa troca de favores o poder dos “coronéis” fortaleceu-se muito graças a “Política dos Governadores”, que articulou a classe dominante (fazendeiros) desde os municípios até o plano federal, o Coronelismo servindo de base para a “Política dos Governadores”.

● O que era essa "Política dos Governadores"?

Consistia, basicamente, em uma troca de favores entre o poder federal e as elites locais. O presidente da república comprometia-se a respeitar e apoiar as decisões dos governos estaduais, controlados pelas elites locais e, em troca os governos estaduais ajudavam a eleger para o Congresso Nacional deputados federais e senadores que apoiariam e seriam favoráveis ao governo federal..