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"Proclamação da República", tela de Benedito Calixto datada de 1893 |
O Governo Provisório (1889-1891)
O período inicial da República Brasileira é tradicionalmente designado "República da Espada" devido tanto ao fato dos dois primeiros presidentes terem sido alto oficiais do exército quanto pela participação e importância das forças armadas na política. Hoje em dia, entretanto o termo caiu em desuso para muitos autores. A própria república, tradicionalmente designada "República Velha" para o período anterior a 1930 agora é mais comumente designada "Primeira República" nos meios acadêmicos. Também é utilizado o termo República Oligárquica para se referir ao período após 1894.
A Proclamação
da república foi resultado de combinação nada homogênea: exército + fazendeiros de
café do oeste paulista + elementos da classe média urbana e profissionais liberais(em menor escala).
Esses três grupos tinham visões
diferentes de como deveria se constituir a república, o que vai ocasionar
conflitos e disputas pelo poder.
De forma simplificada podemos definir tais visões da seguinte forma:
→ Militares: Influência
do Positivismo francês, defendiam um governo central forte e pouca autonomia
para os estados (antigas províncias), opondo-se protanto ao Federalismo.
→ Cafeicultores
do oeste paulista:defendiam o federalismo (isto é poder central fraco, e muita
autonomia para os estados).Também defendiam uma economia marcadamente
agroexportadora.
→ Classe
média urbana e profissionais liberais: defendiam a industrialização e a modernização das cidades.
Lembre-se que , obviamente, existiam elementos dentro de cada grupo com visões mais ou menos diferentes desses padrões. Tais classificações são simplificações para facilitar o estudo escolar.
A República então proclamada, em grande parte imposta pela força militar, conservaria o problema da exclusão da maioria da população brasileira em praticamente todas as ações e atos subsequentes. A influência do pensamento positivista marcava vários militares brasileiros, os quais acreditavam que poderiam assumir o controle pleno da nação ao garantirem a manutenção da ordem, mesmo que através da força bruta. Ao invés de algo formado através de debates e negociações democráticas entre vários grupos sociais e indivíduos diferentes, tais agentes de transformação traduziram o republicanismo como instrumento de uma suposta ordenação, eficiência e administração racional.
Os grupos políticos que defendiam a ampliação dos direitos políticos, democráticos e (em menor quantidade) populares, eram ainda grupos bastante minoritários. Os membros desses grupos, geralmente presentes nas classes médias, profissionais liberais e alguns intelectuais, não conseguiam chegar a um consenso de suas intenções, dificultanto qualquer tomada de ação efetiva e/ou conjunta. Dessa forma, o acolhimento e a participação das camadas populares ao debate político e atuação pública terminou por ser um anseio ou pretansão distante, mal formulado até mesmo confuso e truncado.
● As primeiras
medidas políticas do governo provisório foram medidas que visavam acabar com vestígios
imperiais: dissolveu câmaras imperiais;aboliu o Conselho de Estado; transformou
as províncias em estados; nomeou o primeiro ministério republicano.
● Política
econômica: o Encilhamento
Medida proposta pelo ministro da Fazenda Rui Barbosa. Buscou estimular o desenvolvimento da
industrialização através da emissão de dinheiro, de papel-moeda, que
(teoricamente) deveria ser utilizado para pagar salários e financiar projetos
industriais.Não funciona pois a economia brasileira não era forte o suficiente para
manter o valor de tanto papel-moeda emitido, rresultando em inflação, além de que o dinheiro
não foi usado para investir na indústria e sim na especulação financeira e
mesmo apostas, como nas corridas de cavalo (daí o termo "encilhamento". o ato de colocar os arreios em um cavalo para prepará-lo para a corrida).
●Promulgada
a 1o Constituição republica em 1891.
Foi baseada principalmente na
constituição norte-americana.
→ Tipo
de Estado: federalista (ampla autonomia para os estados)
→ Divisão
dos poderes em Legislativo;Executivo e Judiciário.Extinção do Poder Moderador.
→ Voto
universal para maiores de 21 anos, exceto:mulheres, analfabetos,praças de pré
(militar de baixa patente, soldado raso),mendigos, membros de ordens religiosas
(por exemplo:Franciscanos).
→ Separação
entre Estado e Igreja., tornando o Brasil um estado laico.
→ Eleição
para presidente para mandato de 4 anos, EXCETO o primeiro mandato, onde não
haveria eleição nacional, e sim apenas pelos membros da Câmara dos Deputados e
do Senado (ou seja, a população não participaria desta eleição).
Governo Deodoro da Fonseca (1891)
Consegue
se eleger presidente em meio as tensões
entre civis e militares. A CAUSA DAS DIVERGÊNCIAS ERA QUESTÃO FEDERALISTA, pois
cafeicultores queriam o federalismo para poder imprimir na república a marca
dos seus interesses e os militares queriam um poder central forte.O Marechal
Deodoro vence a eleição por forçar o Senado e a Câmara dos Deputados através de
ameaças.
●Isolamento
de Deodoro: sem apoio e hostilizado pelo Congresso, além de contar com um
ministério de competência questionável, Deodoro isolou-se de tal forma que não
conseguia fazer passar nem os menores atos administrativos. Logo o Congresso
tenta fazer passar o projeto de lei
conhecido como Lei das Responsabilidades, que pretendia limitar o poder
presidencial. Deodoro tenta vetar o projeto e inclusive realiza uma tentativa
de golpe em 1891, o “Manifesto a Nação”, o qual para para impor a vontade de Deodoro visava dissolver o congresso. Várias reações contra a tentativa de golpe de
Deodoro ocorrem, por exemplo greves entre ferroviários e marítimos, além da revolta
liderada pelo almirante Custódio de Melo, que ameaça bombardear a cidade do Rio
de Janeiro.
Sem alternativa,Deodoro renuncia 9 meses
após ter assumido o cargo, para assim evitar um conflito interno.
Governo Floriano Peixoto (1891-1894)
O marechal Floriano Peixoto assume o cargo, pois era o vice. Contava com apoio das forças armadas e dos
cafeicultores paulistas, através do PRP (Partido Republicano Paulista).
● Medidas
iniciais que tentavam granjear apoio popular: diminuição dos preços de carne,
aluguéis,etc.
●A
volta da legalidade entretanto não aconteceu, pois Floriano se nega a convocar novas
eleições, contrariando a Constituição, a qual dizia que se o presidente que
renunciou não ficou 2 anos no poder, o vice não podia exercer o cargo até o fim
do mandato, e sim apenas convocar novas eleições. O marechal Floriano Peixoto alega que tal lei só
se aplicava a presidentes eleitos pelo povo, não ao primeiro mandato, eleito
indiretamente e continua no poder, em detrimento da legalidade e da contituição.
→
O manifesto do Treze Generais: em oposição as pretensões autoritárias de Floriano e
contra o desrespeito a constituição, 13 generais e almirantes lançam um
manifesto exigindo a imediata realização de das eleições presidenciais, o que
estava de acordo com a Constituição que o marechal Floriano Peixoto não cumpria. O marechal Floriano reforma (ou seja, aposenta) todos esses
militares e encerra do caso.
● Revoltas durante o governo Floriano
→ Revolta
Federalista (iniciada em 1892): Fruto de uma luta pelo poder estadual. Inicia-se
no Rio Grande do Sul. Chimangos ou Pica-Paus (partidários de Floriano Peixoto,
eram contra o federalismo e contra os federalistas) formavam o Partido
Republicano Gaúcho e disputavam o poder com os Maragatos (os quais opunham-se a Floriano, e aos Chimangos e formavam
o Partido Federalista). O conflito, originalmente local, se complica quando
Floriano declara de forma explícita seu apoio aos Chimangos. Objetivos de maragatos voltam-se
então em também derrubar Floriano, chegando a avançar até o Paraná em sua luta.
→Revolta
da Armada (1893):Nova revolta do almirante Custódio de Melo, o qual recebe apoio
de vários marinheiros e oficiais leais, por dois motivos: opor-se ao
autoritarismo de Floriano e o desejo pessoal de Custódio de Melo de se tornar presidente, algo em que Floriano estava atrapalhandobastante. Custódio de Melo acaba recebendo o apoio de antigos militares monarquistas contra Floriano. Os revoltosos bombardeiam cidade do Rio de janeiro, mas não
conseguem tomá-la. Navios rebeldes rumam para Santa Catarina para juntar-se aos
Maragatos federalistas do sul.
Floriano reage de forma violenta contra
essas revoltas, e graças ao apoio de grande parte do exército e do PRP,
consegue debelar as duas rebeliões de forma muito violenta, inclusive a prática da degola (execução sumária efetuada cortando-se a garganta do prisioneiro com a lámina da espada) foi praticada por ambos os lados. A consolidação do
regime e sucessão presidencial foi garantida, garantindo assim a consolidação
da oligarquia cafeeira, a qual chefiava o PRP e apoiava Floriano.
►Mas
por que o PRP (os republicanos paulistas, em sua maioria membros da oligarquia
do café) apoiou Floriano e seu autoritarismo?
Os republicanos paulistas
precisavam garantir a manutenção do federalismo republicano, mesmo que
MOMENTANEAMENTE a autoridade do presidente fosse absoluta. Passado o perigo das
rebeliões (pois eram algo que ninguém sabia no que podia dar, existindo o medo por parte dos
republicanos paulistas de algum militar radical ou mesmo um antigo partidário da
Monarquia tomar o poder) os republicanos paulistas se prepararam para tomar
efetivamente o poder político, para isso organizando Partido Republicano
Federal, e lançando a candidatura de Prudente de Morais.
O paulista Prudente de
Morais não contava com a simpatia de Floriano
e da parte do exército que apoiava Floriano, mas eles não puderam impedir sua indicação por falta
de condições políticas, pois uma vez que os republicanos paulistas os haviam apoiado na
luta contra as rebeliões, agora não se podiam opor diretamente a eles. Após
o período de transição (isto é os dois governos de militares da República da
Espada), os latifundiários do café das regiões de SP e MG assumem o poder.